Os dias

julho 18, 2018

Há dias em que o vazio deita sobre mim, ele faz casa e me agarra, preguiçoso e indiscreto. Ele me acompanha nas livrarias, toma um café, e ri enquanto me estico inteira para tentar não me acostumar. 

Há dias em que a alegria me aperta forte e parece que nunca irá soltar, ela colore de outro verde a mesma árvore que sempre me fez sombra e eu sorrio mais solto, mas quando menos espero ela sai pela beirada de minhas mãos. 

Há dias em que quero andar quilômetros e saber que o caminho é o que importa. Há dias em que quero logo chegar. Há dias em que não me encontro e mesmo assim tenho que andar por aí com meu corpo, como se ele fosse um fantoche. Nesses dias, tento cuidar de mim como cuidaria de um amigo distante. Às vezes falho e me encaro com estranheza e não quero nem ouvir falar sobre todas aquelas dores de não se compreender.

Há dias em que falta paz, carinho e ternura no meu olhar, e o caos apressado da Avenida das Américas me faz entender que essas coisas também estão faltando nos olhares em geral. Há dias em que penso sobre ainda te amar e em outros sequer te encontro em algum lugar dentro de mim. Há dias em que me acolho, faço carinho, me digo coisas bonitas, canto uma música de amor e há outros em que tento me consolar e não encontro caminho.

Há dias em que a tristeza se senta em meus ombros e me cega, brinca com as minhas certezas. Em outros, são os silêncios e as dúvidas. Abraço então os dias de paz e de guerra no meu peito. Não há jeito, em todos eles corro, grito, choro, canto, acredito e desacredito, enfureço-me e me basto, mas ainda soa a dúvida: O que há em mim que ainda não vi?

B. Barbosa




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