No inicio do ano passado conheci uma pessoa que mudou a minha vida. Na verdade eu a achava tão incrível que a obriguei a ser minha amiga, com muito carinho, é claro. Conquistar um espacinho naquele coração foi uma das melhores coisas que me aconteceram do ano passado para cá. Ter uma amiga empoderada, feminista e ativista mudou meu olhar sobre o mundo, mas principalmente sobre mim. Eu já lia sobre e me inspirava em mulheres empoderadas, mas quando você conhece e convive com uma, a alegria e a dor são muito maiores. Alegria de vê-la se expandir cada vez mais, e passar a acreditar e buscar isso para si também. E dor por todas as dificuldades, pressão da sociedade e momentos em que seu maior desafio é quebrar todas as crenças e cadeias dentro de você. Vi minha amiga vencer um por um os obstáculos de sua vida com muita determinação e coragem. E bom, comecei a buscar vencer os meus também. 

Me olhar no espelho hoje tem outro significado, não é mais o que os outros acham de mim que conta na maioria dos dias (afinal, ainda estou em construção), mas sim o que eu acho de mim mesma, quem eu vejo no espelho, como ajudá-la a se tornar quem ela deseja ser. E o maior desafio é sempre e sempre o amor próprio. Foi por falta dele que me mantive presa a tantos relacionamentos que me desagastaram e feriram, pela falta dele que não acreditei que pudesse me sair bem em uma língua, em uma carreira, pela falta dele que deixei de mostrar meus talentos muitas vezes por nem mesmo conseguir acreditar que eu os tinha. Porém, com muita terapia e amizades ímpares, eu consegui melhorar muito essa realidade, e buscar correr atrás de coisas que eu desejo e que dependem exclusivamente de mim, pois eu finalmente comecei a poder contar comigo. 

Certo dia, quando estava passando por uma situação um tanto quanto complicada e não conseguia ouvir minha própria voz, essa amiga veio me perguntar o que eu achava e entendia quando lia a seguinte frase: "O amor próprio é um sentimento em nível hard". Naquele momento ela me lembrou, mais uma vez, que as escolhas são simples quando pensamos primeiro no amor próprio. O que eu diria para uma amiga na minha situação? O que eu faria se estivesse me amando como eu deveria? E a resposta simplesmente veio parar bem no meio do meu coração. Isso quer dizer que, quando alinhamos nossa mente e coração, com vontade de ser melhor a cada dia para si, a fim de que possa ser melhor para o mundo, a gente sempre vai encontrar a resposta. É que às vezes, muitas vezes aliás, a gente não quer ver. 

Eu aprendi, com muito carinho, que o amor próprio é um sentimento em nível hard. Ele requer que você se questione, se olhe, se tenha em suas próprias mãos e não nas de outrem. Ele requer coragem e desafio, e que você esteja dentro de você, no presente. Não ligada a um passado, futuro ou presente que não depende de você. Ele é uma escolha que você faz todos os dias quando acorda e escolhe ser fiel a quem você é.